BASEADO NA OBRA DE DARCI RIBEIRO: O POVO BRASILEIRO
Brasis sulinos
A
característica básica da região sul do Brasil é sua heterogeneidade cultural,
isso se dá pelo fato dessa região há alguns séculos atrás ter sido habitada por
diversos povos de etnias, culturas e nacionalidades diferentes. No século XVII
na região sul não havia nenhuma fronteira oficial estabelecida provocando assim
disputas entre as metrópoles portuguesa e espanhola por essa região.
O
Brasil sulino surge à civilização através dos jesuítas espanhóis que fazem
florescer no atual território gaúcho de missões a principal expressão de sua
república cristã-guaranítica. Os jesuítas atuavam como agentes da civilização
criando modelos utópicos de reorganização intencional de vida social que
efetivamente viabilizaram novas formas de existência humana. Esse modelo jesuítico buscava assegurar-lhe
uma existência própria dentro de uma comunidade que se ocupava fundamentalmente
de sua própria subsistência e desenvolvimento. Essas missões tiveram
consequências inesperáveis, tais como: uma eficácia que acabou atraindo
rapidamente para os núcleos missioneiros milhares de índios, e teve eficácia
também econômica na produção para os mercados regionais e externos, permitindo
assim que as missões mantivessem um intercâmbio comercial. Com essas missões
houve uma concentração de grandes massas indígenas deculturados, uniformizados
culturalmente e motivados para o trabalho. O êxito mercantil dessas missões
provocou invejas e cobiças locais e da metrópole, provocando a expulsão dos
jesuítas. Tudo isso contribuiu para a formação do Brasil sulino, pois criou um
depósito de escravos (índios guaranis) exportáveis que constitui os primeiros
gaúchos que serviria para mão-de-obra para a exploração mercantil das vacarias
desenvolvidas pelos jesuítas. Essa matriz indígena (guarani) é que forjaria a
pró-etnia gaúcha que se multiplicando vegetativamente e “guaranizando” outros
continentes povoou a campanha e veio a ser a étnica básica das populações
sulinas, posteriormente essa matriz se dividiu para atrelar-se às entidades
emergentes, como argentinos, uruguaios, paraguaios e brasileiros.
O fator principal da formação do Brasil sulino
foi à coroa portuguesa ter o propósito explícito de levar sua hegemonia até o
rio da Prata. Esse propósito buscado inicialmente pelos bandeirantes de
conversão de índios em mercadoria escrava que estabeleceu o primeiro circuito
mercantil transbrasileiro, depois a instalação da Colônia do Sacramento no rio
da Prata tentando assim garantir seu domínio. Como na região sul não havia
nenhuma fronteira estabelecida, sendo palco de diversos conflitos territoriais
entre as metrópoles que tinha como único objetivo explorar aquela região foi
preciso apelar para o uso das armas para poder manter o Brasil sulino atrelado
ao brasil. O Brasil se viu diversas vezes envolvidos nas guerras platinas. Em
ocasiões por ambições expansionistas próprias, em outras, como por partes que
eram de um conjunto de nacionalidades em confronto no processo de autodiferenciação,
unificação e fixação de fronteiras. A região sulina foi formada por três
matrizes diferentes: gaúchos, matutos (açorianos), e gringos.
Primeira
constituição do povo sulino
Os primeiros gaúchos (índios guaranis) tinham
contatos com diversos povos diferentes, fazendo-se com que esses primeiros
gaúchos não se identificassem como espanhóis nem como portugueses, do mesmo
modo já não se identificavam mais como indígenas, constituindo assim uma nova
etnia ainda não inteiramente identificada, “os mestiços”. Estes eram uma
mestiçagem de guaranis com espanhóis e portugueses, isto é, uma mistura de
índios marginalizados e brancos pobres segregados de suas matrizes. Outra fonte
foi o núcleo neoguarani de paraguaios de Assunção, e uma terceira fonte foram à
prole dos portugueses instalados na Colônia do Sacramento. Somam-se assim, três
povos na formação da matriz gaúcha.
Décadas depois, com os entendimentos
diplomáticos para a fixação da fronteira, processa-se a pacificação progressiva
da linde, dando origem ao Uruguai como um vasto território colocado entre os
contentores brasileiros e argentinos. Com isso as estâncias brasileiras
entraram numa fase de relativa tranquilidade. Consolidada a posse de terras e
rebanhos, pacificada a campanha e, depois, cercadas as estâncias com aramados,
o novo gaúcho sedentarizado é compelido a assumir seu novo papel de simples
peão. Ainda cavaleiro, campeia, garboso, o gado do patrão, com orgulho de
ofício e do seu domínio da montaria e do rebanho. Porém, cada vez mais pobre e
mal pago, come menos e vive mais maltrapilha. É desse modo que irão forjando
uma consciência do novo gaúcho sobre seu destino e fermentando um espírito de
rebelião ainda confuso e inconsciente.
A
economia da região sul sempre esteve voltada para a valorização do gado, com a
exploração do gado selvagem para a exportação do couro e sebo, na região
mineira era utilizado gado em pé, para os bois de carro, para cavalos de
montaria e para os muares de tração e carga, depois surge a técnica de fabrico
do charque. O crescimento das charqueados valoriza o gado e industrializa sua
exportação, fazendo do pastoreio cada vez menos uma aventura e cada vez mais um
negócio nacional.
Segunda
constituição do povo sulino
Os
Açores habitantes de um pequeno arquipélago próximo a Portugal imigraram para o
Brasil no século XVIII, pelo governo português, tinham como objetivo implantar
um núcleo de colonização de ocupação lusitana, e a povoação das terras
brasileiras, para protegê-las de possíveis invasões visto que havia vários
conflitos externos, a princípio ocupou a extensa área litorânea entre o sul de
santa Catarina até o Rio Grande do Sul. Eram a esses povos grandes concedidos
vários benefícios como: a disponibilização de terras, de munição, bem como o
sustento alimentar durante o primeiro ano, entre outros. No entanto, apesar
desses benefícios a colonização açoriana foi um fracasso, pois estes ficavam
ilhados em pequenos nichos no litoral, desertos, despreparados para o cultivo
da terra, que lhes eram desconhecidas, e sem possuir mercado consumidor para
suas pequenas produções. Devido essas condições acabaram misturando-se
densamente a cultura indígena, fazendo-se “matutos”, lavando a terra pelo
sistema de coivara, plantando e comendo mandioca, milho, feijões e abóboras. Essa
junção de culturas foi tão forte que mesmo em seu artesanato atual é difícil
distinguir suas peculiaridades açorianas. Os açores fizeram-se matutos, no
entanto alguns escaparam a essa caipirização o que contribuíram para algum
avanço na agricultura gerando um pequeno desenvolvimento na economia, que se
fundamentou em práticas mercantilistas. Sua contribuição à cultura brasileira
foi muito pouco devido a esta mistura de culturas, no entanto, puderam-se ter
influências regionais, com papel social formando-se o aportuguesamento
linguístico e um abrasileiramento cultural.
O povo açoriano aumentou o que trouxe alguns
benefícios, os caipiras formaram uma reserva nacional de mão-de-obra, que não
era valorizada na região, devido ás baixas condições para o desenvolvimento,
alguns aglomerados desses povos contribuíram para a ampliação do mercado
nacional com atividades de pesca e em minas de carvão. Não conseguiram se
desenvolver, o que contribuiu para a marginalização de sua cultura, perdendo
algumas tradições, festividades.
A
terceira constituição do povo sulino
A
terceira constituição da região sul é formada por estrangeiros de origem
germânica, italiana, polonesa, japonesa, libanesa etc. Embora brasileiros,
configuram uma parcela diferenciada da população. O domínio de duas línguas,
nível cultural mais alto e alguns hábitos fazem essa diferença.
A colonização tinha uma função de alienar
culturalmente os povos. Os europeus olhavam de modo diferente os negros e
mestiços (que era a maior parte da população). O império promoveu a colonização
investindo altos recursos que jamais foram oferecidos as grandes massas
caipiras brasileiras. Esse empreendimento resultou numa vasta ilha nos estados
do sul. A mescla de povos ocasionou uma troca de cultura e técnicas adaptativas.
Essa diversidade europeia e asiática tem uma uniformidade social decorrente de
suas organizações em pequenas terras e de suas capacidades profissionais na
agricultura. Com a cultura de segregação cada grupo se organizou autonomamente.
O domínio da língua portuguesa só foi alcançado mais tarde. A primeira geração
de colonizadores teve que definir suas atividades produtivas enfrentando
difíceis condições. Já as gerações seguintes foram beneficiadas tendo que
expandir- se por causa do crescimento que houve.
A ideia de marginalização foi amplamente
explorada pelos países de origem antes e durante a última guerra mundial,
estimulando o surgimento de doutrinação nacionalista e racista. Para fazer
frente a isso foi necessário uma maciça ação oficial nacionalizadora que
compeliu o ensino da língua e recrutaram jovens a servir as forças armadas.
As diversas áreas colonizadas formaram vilas
rurais que encabeçadas por cidades teve uma diversificação na produção e se
ajustou às condições do mercado somando atividades industriais de base
artesanal às agrícolas, isso fez prosperar a economia regional elevando o
padrão de vida. Tornaram-se importantes produtores de vinho, mel, trigo, cevada
etc.
Essa expansão teve um entrave latifundiário e
fez surgir uma população marginal chamado “caboclos” da região sul. Estes foram
confundidos com os matutos de origem açoriano e com os gaúchos da rancheira
fazendo-se uma só camada: os marginais da região sulina. Esses marginais
constituíram uma reserva de mão de obra resultando numa baixa nas
reivindicações por melhorias e certo conformismo com a degradação de sua
condição.
Nos
últimos anos surgiu nessa zona um desenvolvimento industrial intensivo
(evolução do artesanato familiar) integrando massas marginalizadas. Esse salto
se explica pelo acesso que esses colonos tiveram com equipamentos e pessoal
qualificado e sua facilidade, dada pela língua, às fontes de informações
técnicas. Esse progresso econômico ensejou novas relações humanas e melhor
condição de integração cultural. Houve compreensão de sua auto identificação de
descendentes de colonos como brasileiros diferenciados em seu modo de
participação da vida nacional. Não eram como seus antepassados nem eram a
população marginalizada eram apenas brasileiros.
Movimentos messiânicos
As
massas matutas gauchas marginalizadas foram homogenizadas pela pobreza.
Destinados a enfrentar a ordem social de forma arcaica de expressão, revestidos
de um caráter messiânico. Era messiânico
porque surgia como um reordenação social em curso, através de invasão de terras
para instalar o paraíso aqui na terra. Essas ações remontam velhas crenças de
religiosidade popular, praticadas desde sempre na região, chamados agora a
inspirar novas lideranças para uma guerra santa. Deu-se o aumento da importância dos “monges”
que passaram a liderar os conflitos (messiânicos). Os núcleos conflagrados
reuniam-se em “quadros santos”. Na revolução do Contestado, eles formaram
grupos igualitários baseados no comércio interno, querendo manter um paraíso
terrestre. A vida nesses núcleos era alegre, presidido pelo ideal igualitário e
pelo forte convívio social. Esses núcleos foram dissolvidos com a ação do
exército nacional, em que morreram 3500 pessoas em 3 anos. Outros levantes
ameaçaram ocorrer mas foram rapidamente abafados. As lutas populares como
Canudos, Cabanagem e Mucker tinham em
comum o fato de todos reivindicarem a posse da terra de onde tiram sua
subsistência, além de se mostrarem capazes de criar prosperidade e fartura.
Literatura
A Literatura do Rio Grande do Sul se refere à
literatura sobre a história e a cultura do estado brasileiro do Rio Grande do
Sul. Compreende obras escritas tanto por autores gaúchos como também pelos
radicados no estado. Na metade do século XIX, em um período de grande efervescência
político-social, causado pelos movimentos republicanos e abolicionistas,
ocorreu à fundação da Sociedade Pártenon Literário na cidade de Porto Alegre.
Tal sociedade reuniu diversos intelectuais rio-grandenses que exploraram os
mais variados gêneros literários ao escreverem sobre a cultura e a história de
seu estado, sempre mesclando o discurso literário com o político. A partir da
década de 1870, ela expressou cada vez mais seu descontentamento com as
políticas da Corte Imperial e seu comprometimento com o separatismo. Os nomes
mais importantes do Pártenon Literário foram Caldre e Fião, os irmãos
Apolinário, Aquiles e Apeles Porto-Alegre, Carlos Von Koseritz, Lobo da Costa,
Hilário Ribeiro, Múcio Teixeira e Luciana de Abreu. De fato, Caldre e Fião,
presidente da sociedade, foi o autor de A Divina Pastora (1847), o primeiro
romance da literatura gaúcha e o segundo da história da Literatura do Brasil –
o primeiro é A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo. O Pártenon Literário
cessou suas atividades literárias por volta de 1885.
Há quatro poetas simbolistas de
renome na literatura gaúcha: Eduardo Guimarães, Alceu Wamosy, Álvaro Moreyra e
Felipe D'Oliveira. João Simões Lopes Neto é o principal escritor regionalista
dos gaúchos, autor de obras como Contos Gauchescos e Lendas do Sul, que
valorizaram a tradição oral peculiar da região da Campanha. Outros
regionalistas foram Alcides Maya, Amaro Juvenal e Darcy Azambuja. Mário
Quintana, Augusto Meyer e Raul Bopp formam a trindade modernista do Rio Grande do
Sul. A poetisa Lila Ripoll está vinculada à segunda geração do modernismo.
No
romance de 30 os principais autores gaúchos foram Érico Veríssimo, Dyonélio
Machado e Cyro Martins. A obra mais
importante deste período é, sem dúvida, a trilogia O Tempo e o Vento, de
Veríssimo, que resgata duzentos anos da história do Rio Grande do Sul.
Literatura
Gaúcha contemporânea destacam-se na poesia Carlos Nejar, um dos “imortais” da
Academia Brasileira de Letras, Armindo Trevisan e Lara de Lemos. Quanto aos
ficcionistas gaúchos, podemos citar diversos autores: Josué Guimarães, Luís
Fernando Veríssimo, Moacyr Scliar, Lya
Luft, José Clemente Pozenato Tabajara Ruas, Luiz Antonio de Assis Brasil, João
Gilberto Noll, Caio Fernando Abreu, Charles Kiefer, entre muitos outros. É
muito popular na região Sul do Brasil a obra ”O Negrinho do Pastoreio” que é
uma lenda afro-cristã. Muito contada no final do século XIX pelos brasileiros
que defendiam o fim da escravidão.
Dança
As
danças gaúchas são as mais coreográficas danças brasileiras e são marcadas pela
influência das culturas espanhola, portuguesa e francesa. As danças gaúchas
estão impregnadas do verdadeiro sabor campesino do Sul; são legítimas
expressões da alma gauchesca. A dança gaúcha é caracterizada por movimentos e
sapateado fortes. Em seus volteios, exige grande esforço dos dançarinos,
chegando, em alguns casos, a apresentar-se como um desafio de perícia,
agilidade e audácia.
Algumas
danças mais comuns são: Chimarrita dança típica de Portugal, foi trazida pelos
portugueses para o Brasil durante o século XIX. Eles dançam juntos no passo bem
conhecido que é o dois pra lá e dois pra cá. A partir de alguns movimentos, o
homem, chamado de peão, e a mulher, que recebe o nome de prenda, podem
flexionar levemente os joelhos durante os passos. Pau-de-Fitas, dança que foi trazida pelos alemães que aportaram na
região sul do Brasil. Um mastro de
aproximadamente três metros é fincado no chão com diversas fitas coloridas
atreladas a ele. Os dançarinos devem estar em número par e cada um segura uma
fita para girar ao redor do mastro. No decorrer dos passos da dança, vão se
formando desenhos com as tranças das fitas.
Música
O Rio Grande do Sul conta com uma música
tradicional típica, que atua como uma das principais formas de expressão de sua
cultura artística e desempenha um forte papel nos processos de reprodução,
atualização e reinvenção deste mesmo personagem, de contornos inclusive
mitológicos, nos próprios limites do Sul, a música gaúcha dita tradicional que
se apresenta hoje está calçada em alguns elementos de base que é necessário
dizer que as matrizes culturais nas quais se encontram as raízes da música dita
típica gaúcha feita atualmente no Estado foram se articulando pouco a pouco
foram acrescidas por novas informações trazidas pelos imigrantes e migrantes
que se assomaram em seu espaço geográfico ao longo do tempo, e por visitantes
nacionais e estrangeiros. Em muitos discos antigos de música gaúcha as canções
foram denominadas como “sertanejas”, além de que houvesse a utilização de
ritmos comuns a outras regiões como a “rancheira”, a “toada”, o “chote”, o
“rasqueado”, etc. Pedro Raimundo,
aliás, pode ser apontado como o primeiro grande responsável pela divulgação da
canção típica gaúcha em nível nacional, apresentando com muito sucesso o seu
clássico “Adeus Mariana” na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A música gaúcha
pode-se dizer, em linhas gerais, tem como vértices a forte influência Europeia
e a de demais regiões da América Latina, e também elementos advindos das etnias
indígena e negra. Assim é que foram identificados, nas raízes da música gaúcha,
ritmos e estilos musicais, muitas vezes amalgamados com as danças respectivas,
e que estavam relacionados à cultura dos “fandangos”, ou festas dançantes. E
como cantilenas, podemos apontar o cará, o amor-feliz, o benzinho-amor, o
joão-fernandes, o chico, a queromana, o pagará, o pega-fogo, a retorcida, o
feliz-meu-bem, etc.
A
música gaúcha, dentro de um processo muito rico, tanto no sentido de resgate
das tradições mais ancestrais, como no de mesclar as tradições com os diversos
elementos que vão se agregando à vida cultural dos gaúchos.
Culinária
Colonizado por europeus, o Sul, com 577.214 km2,
oferece prazeres variados. Da carne bovina aos frutos do mar. Em seus três
estados - Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul -, há de tudo; para todos
os gostos. Churrascos servidos no espeto, pratos à base de frutos do mar,
siris, camarões, lagostas, e peixes elaborados ao forno, na brasa, em
caldeiradas.
Há, ainda, a
típica cozinha do interior, com destaque para o mocotó de campo, o
arroz-de-carreteiro. A roupa velha e o barreado. Com forte presença italiana, é
ampla a oferta de massas. Marcante, também, são os traços da colonização alemã.
O que permite ao viajante saborear excelentes embutidos.
Impossível
pensar no Rio Grande do Sul e não associar o Estado ao churrasco,
isso ocorre porque o gado faz parte da vida dos sulistas desde o início da
colonização, lá no século XVII. Por conta das longas viagens dos tropeiros, a
carne que sobrava das refeições era cortada em mantas e conservada pelo
processo de desidratação com sal grosso, dando origem ao charque, alimento
perfeito para as necessidades daquela turma. Cozido com arroz, o charque deu
origem a um dos pratos mais conhecidos da região, o arroz de carreteiro. Mas a
verdade é que a culinária do Sul sofreu uma mistura de influências: dos
portugueses, dos espanhóis e dos índios, que foram, inclusive, os responsáveis
pela técnica do fogo de chão, que é a base do onipresente churrasco. Nas
serras, a mesa do Rio Grande do Sul tem um “quê” alemão e italiano, sobretudo
com as mesas fartas, com os grandes cafés coloniais.
Festas
Entre as mais variadas festas da região sul se
destaca: Oktoberfest: Essa
festa acontece na cidade turística de Blumenau, em Santa Catarina, e foi
inspirada na festa homônima ocorrida em Munique na Alemanha. A primeira edição
aconteceu em 1984 e a festa surgiu com o intuito de divulgar as tradições
alemãs no estado brasileiro. Conseguiram, pois a festa é a segunda alemã do
mundo. O evento ocorre em outubro, com duração de 18 dias e recebe milhares de
visitantes todos os anos. Acontecem apresentações musicais, danças e desfile. Festa
Nacional da Uva: A primeira festa da uva aconteceu em 1931, na cidade de Caxias
do Sul, no Rio grande do Sul. Por produzir a maior parte da produção de uvas do
estado, a cidade resolveu fazer uma festa para celebrar a fartura e a produção
de vinho. Um fato curioso é que, durante a Segunda Guerra Mundial, a festa foi
interrompida por treze anos. Atualmente, o evento conta com a apresentação de
diversos carros alegóricos, concursos e comidas típicas. Ocorre também a
eleição de soberanas e embaixatrizes da festa da uva. Marejada :é uma festa ocorrida na cidade de Itajaí, em Santa
Catarina. Esse evento abriga apresentações que lembram o mar. Isso interfere na
culinária, nas exposições e apresentações ocorridas durante a festa que teve
sua primeira edição em 1987. Festival de Cinema de Gramado: Esse festival foi
criado a partir da ocorrência de uma Mostra de Cinema. A primeira edição
ocorreu em 1973 e participa no incentivo ao cinema brasileiro. Os atores e
produções premiados no evento recebem o Kikito de ouro, que se trata de uma
estatueta que significa o deus do bom humor. Festa de Nossa Senhora dos
Navegantes: Essa festa religiosa ocorre em Santa Catarina todos os anos. A imagem
de Nossa Senhora é levada por embarcações em uma procissão pelo mar.
Referência:
RIBEIRO,
Darcy. O Povo Brasileiro: A formação e o sentido de Brasil. 2ª ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.
KERDNA,
Produção editorial LTDA. Regiãosul. Disponível em <http://regiao-sul.info/mos/view/Cultura_e_Folclore/
> Acesso em 29 de jan.2012.
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