Guerra
deixa, em sua apresentação da obra, evidente que os fundamentos da profissão do
assistente social perpassam pela história da profissão até a prática do dia a
dia. A prática é fundamental para a racionalização das ações do profissional. A
instrumentalidade é, portanto, a prática da profissão com uma racionalidade
baseada no conhecimento histórico que se tem do desenvolvimento do Serviço
Social.
Ela
diz que para compreender a prática do assistente social teve que adotar as
referencia teóricas, procedimentais e intelecções e estes ultrapassam os limites que existem na profissão. Para sua abordagem do tema, o ser social (homem) teria que observado em sua
realidade de existência e também e tal abordagem ser pautado na aplicação diária do assistente social.
Ela
afirma que existe uma pressão advinda de um processo que é da própria profissão (uma vez que nasceu nas lutas de classes) e tem
como recurso teórico as teorias marxianas e luckacsianas.
O
racionalismo formal, que nega a tradição ontológica da filosofia, acaba por
estabelecer moldes de explicação da sociedade e o profissional deve fazer uma
critica racional a esses modelos e sua atuação optando por usas ou não tais
moldes.
A
autora expõe que, o mal que o capitalismo traz, faz com que repensemos essa
pretensa razão objetiva de figurar a realidade. Ela diz ainda que as recepções das teorias
marxistas expõe a tendência do
capitalismo transformar o trabalho em ações repetitivas em detrimento da
construção do ser social através do trabalho (em sua interação com a natureza).
Diz
ainda que a compreensão do Serviço Social e sua instrumentalidade devem sair
dos moldes burguês e ser um devir entre a história constitutiva da profissão e
sua prática. Guerra afirma ainda que a profissão sofre pressões do desenvolvimento das forças
produtivas do capitalismo burguês e que tais pressões devem ser postas em questionamento quanto a postura do profissional na atuação.
Na
introdução, no primeiro ponto, ela ressalta que as produções bibliográficas têm
poucas respostas para as questões que envolvem a intervenção profissional. E
coloca sua abordagem como “nova” no
sentido de que há novas foças sócio-políticas, econômicas e culturais, no
Brasil, que influenciam o andar da profissão (o que ficou conhecido como
movimento de reconceituação). Ou como
em suas palavras: “...novas perspectivas se apresentam à compreensão do
significado sócio histórico da profissão (p.22)”.
Diz
que como a profissão é eminentemente interventiva, desenvolve práticas que
torna a profissão conhecida socialmente e que as tentativas de abordagem
macroscópica transcendem a prática profissional. Essa mudança geram críticas às elaborações teórico-metodológicas.
Pode ocorrer também um saudosismo pela
identificação social da profissão fazendo dela engessada e conservadora. Nesse
conflito o autor propõe uma iluminação no sentido de apontar tendências do
desenvolvimento da profissão. Esclarece que o aprofundamento teórico-metodológico,
em detrimento da prática profissional é ainda mais grave.
Afirma
que há basicamente três tendências de ver a profissão: a) os que valorizam a
prática e secundarizam as teorias; b) os que valorizam a teoria na aplicação da
prática e c) os que reconhecem as teorias como processo de reconstrução da
realidade. Entre essas três há um ponto em comum: a discussão sobre os limites
das teorias em fornecer subsídios à prática.
A
autora reconhece que há necessidade de criação de novos instrumentos da ação do
profissional. Diz que não é refazer as antigas abordagens (individual grupo ou
comunitário), mas de ter competência técnica para e intelectual sem romper o
compromisso com a classe trabalhadora.
Coloca
que argumenta em duas ordens de razão: 1- a que se refere às condições
objetivas onde esta a operacionalização
de proposta passa pela existência de condições objetivas. Aqui existem as
dificuldades que por si só dificultariam a ação do profissional. Assim essas
condições não dependem apenas da postura individual, mas da conjuntura onde o
profissional terá necessidade de reconhecer técnicas e táticas politicas de
ação; 2- a proposta teórico-metodológica-marxiana: Aqui as teorias não oferecem
os meios ou instrumentos profissionais de ação imediata sobre os fenômenos,
apenas ilumina as estruturas dos processos sociais.
A
pretensão da autora é mostrar que o atuar da profissão, mesmo com suas
limitações, tenha uma modalidade de razão que se mantenha o foco voltado as
finalidades e não apenas para as dificuldades. Sobre esta perspectiva é possível revalidar o
passado e, ao mesmo tempo, romper com o conservadorismo. Nessa linha ele
rejeita o entendimento de que o avanço do conhecimento é responsável pelo
divorcio entre a teoria e prática.
Já
no segundo ponto da introdução ela, baseado em teorias marxistas sobre a
história, diz que as relações sociais têm um núcleo fundante, inteligível que
se manifesta de forma dinâmica. Nisso é possível apreendê-los nas suas
manifestações dinâmicas.
A
partir desse argumento o autor explica que o serviço Social é construído na
fricção entre as condições objetivas e as ações teleológicas materializa-se em
ações profissionais.
Ela
afirma que há uma razão de ser e uma razão de conhecer o Serviço Social e que
ambas são polos de uma mesma configuração.
Essa razão de conhecer ultrapassa os limites históricos. Diz, ainda, que
as racionalidades que convivem (contraditoriamente) no interior da profissão
expressam as relações entre os sujeitos e os fundamentos éticos e políticos e
teóricos sobre os quais essas relações se apoiam.
Como
a profissão tem caráter interventivo há nessa intervenção a capacidade de
indicar as possibilidades da profissão, tanto no plano ontológico como no plano
lógico. Nesta vemos os padrões de racionalidade que a sustentam. Naquela, vemos
os aspectos constitutivos do modo de ser e de se desenvolver a profissão.
Guerra
quer demonstrar que a dimensão instrumental é a mais desenvolvida da profissão
capaz de indicar condições e possibilidades para a mesma. Essa complexidade se dá pelo fato de que as
demandas sociais exigem do profissional criação e recriação de categorias
intelectivas e de modo de intervenção.
Ela
afirma haver racionalidades subjacentes às formas de intervenção profissional
que produzem regularidades, essas, por sua vez, trazem a tona particularidades
que vinculam as práticas dos assistentes sociais. As particularidades determinam e vinculam as
práticas dos assistentes sociais. Ela explica que as ações dos profissionais
produzem um modo de pensar os diferentes
níveis de apreensão do real. A autora faz entender que na medida em que os
profissionais interagem nas objetividades sociais, eles interagem, também, com
a dinâmica desses fenômenos que, por seu turno, refletem ao intelecto dos
mesmos profissionais levando estes a atribuir novos significados as suas ações,
ou como em suas palavras: “Na medida em
que os agentes profissionais recolhem as mediações postas nas objetividades
sociais que produzem no plano interativo, recriando, ao nível do pensamento, a
dinâmica dos fenômenos e processos sobre os quais intervêm, estão inteligindo
sobre suas ações “ (p.35).
Desse
modo a atuação e reflexão da atuação no Serviço Social produzem várias
racionalidades com níveis e graus distintos e podem adquirir maior ou menor
importância dependendo do momento histórico da profissão.
Guerra
coloca em questão a racionalidade formal imposta pelos moldes do capitalismo
burguês e diz que o debate em pauta traz algumas implicações: 1) A reprodução
do racionalismo formal nas sociedades burguesas; 2) a mediação equacionada da
instrumentalidade para não desaparecer a dimensão ético-política; 3) A instrumentalidade
do Serviço Social como campo de mediação nos quais os padrões de racionalidade
as ações se processam; 4) Análise do caráter histórico das formas de
racionalidade, para por em pauta de crítica os paradigmas existentes; 5) Se o
“fazer” do assistente social é capaz de designar os processos que se manifestam
no âmbito da profissão.
Por
fim, ela diz que a instrumentalidade não é exclusiva ao paradigma da razão
formalizadora. È para se pensar tanto as ações como as razões que a sustentam.
Referencia:
GUERRA, Yolanda. A
Instrumentalidade do Serviço Social. São Paulo, Cortez, 2005.
muito bom!
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