“O
ponto de partida é o de que a luta pela afirmação dos direitos é hoje também
uma luta contra o capital, parte de um processo de acumulação das forças para
uma forma de desenvolvimento social, que possa vir a contemplar o
desenvolvimento de cada um e de todos os indivíduos sociais” (p.16).
“nessa
estratégia de ocultamento e dissimulação do real, o poder aparece como se
emanasse de uma racionalidade própria do mundo da burocracia, acoplado a um
discurso neutro de cientificidade” (p.16).
“A
competência é ai personificada no discurso do administrador burocrata” [...] (p.17).
[...]
“a competência crítica capaz de desvendar os fundamentos conservantistas e
tecnocráticos do discurso da competência burocrática” (p.17).
[...]
“a competência crítica supõe: a) um diálogo crítico com a herança intelectual
incorporada pelo Serviço Social e nas autorrepresentações do profissional, cuja
porta de entrada para a profissão passa pela história da sociedade e pela
história do pensamento social na modernidade, construindo um diálogo fértil e
rigoroso entre a teoria e a história; b) um redimensionamento dos critérios da
objetividade do conhecimento para além daqueles promulgados pela racionalidade
da burocracia e da organização, que privilegia sua conformidade e o movimento
da história e da cultura [...] Exige uma profissional culturalmente versado e
politicamente atento ao tempo histórico; atento para decifrar o não-dito, ao dilemas
implícitos no ordenamento epidérmico do discurso autorizado pelo poder; c) uma competência
estratégica e técnica [...] o que não reifica o saber fazer, subordinando-o à
direção do fazer” [...] (p.17).
“Como
a ordem do capital é tida como natural e perene, [...] o assistente social encontrar-se-ia
atrelado às malhas de um poder tido como monolítico nada lhe restando a fazer”
(p.18).
[...]
“a luta pela afirmação dos direitos de cidadania, que reconheça as efetivas
necessidades e interesses dos sujeitos sociais, é hoje fundamental como, parte
do processo de acumulação de forças em direção a uma forma de desenvolvimento
social inclusiva para todos” [...](p.18).
[...]
“o Serviço Social brasileiro construiu um projeto profissional radicalmente
inovador e crítico, com fundamentos históricos e teórico-metodológicos hauridos
na tradição marxista, [...]. Ele adquire materialidade no conjunto das regulamentações
profissionais” [...] (p.18).
“Os
espaços ocupacionais do assistente social têm lugar no Estado – nas esferas do
poder executivo, legislativo e judiciário – em empresas privadas capitalistas,
em organizações da sociedade civil sem fins lucrativos e na assessoria a
organização dos movimentos sociais” (p.19).
“Elas
condicionam o caráter do trabalho realizado [...] suas possibilidades e
limites, assim como o significado social e efeitos na sociedade” (p.19).
“Nesses
espaços [...] os assistentes sociais atuam na sua formulação, planejamento e execução
de políticas públicas” (p.19).
“Os
assistentes sociais realizam uma ação de cunho socioeducativo na prestação de
serviços sociais, viabilizando o acesso aos direitos e aos meios de exercê-los,
contribuindo para que necessidades e interesses dos sujeitos sociais adquiram
visibilidade na cena pública e possam ser reconhecidos”[...] (p.20).
“As
competências expressam capacidade para apreciar ou dar resolutividade a
determinado assunto, não sendo exclusivas de uma única especialidade
profissional” [...] (p.21).
[...]
“o debate no Serviço Social foi polarizado por um duplo e contraditório movimento: o mais representativo foi o
processo de ruptura teórica e politica com o lastro conservador de suas origens[...]cujo
marco inicial foi o movimento de reconceituação do Serviço Social latino
americano em meados dos anos de 1960, [...] em sinal contrário verificou-se o
revigoramento de uma ação (neo)conservadora” [...] (p.22).
“Essas
dimensões multiculturais e multiétnicas fundam efetivamente as assimetrias nas
relações sociais, que potencializam as desigualdades de classes, necessitando
ser consideradas como componentes da política da transformação das classes
trabalhadoras em sujeitos coletivos” (p.22).
“Ao
indagar-se sobre significado social do Serviço Social no processo de produção e
reprodução das relações sociais, tem-se um ponto de partida e um norte” (p.23).
“A
reprodução das relações sociais na sociedade capitalista na teoria social crítica é entendida como reprodução desta em seu movimento e em suas
contradições [...] Ela refere-se à reprodução das forças produtivas sociais do
trabalho e das relações de produção na sua globalidade, envolvendo sujeitos e
suas lutas sociais, as relações de poder e os antagonismos de classes. Envolve
a reprodução da vida material e da vida espiritual” [...] (p.23).
“Esse
modo de vida implica contradições básicas: por um lado, a igualdade jurídica dos
cidadãos livres é inseparável da desigualdade econômica derivada do caráter cada
vez mais social da produção, contraposta à apropriação privada do trabalho alheio. Por outro
lado, ao crescimento do capital corresponde a crescente pauperização relativa
do trabalhador" (p.23).
“Assim,
o processo de reprodução das relações sociais não é mera repetição ou reposição
do instituído. É, também, criação de noivas necessidades, de novas forças produtivas
sociais do trabalho em cujo processo aprofundam-se desigualdades e são criadas
novas relações sociais entre os homens na luta pelo poder” [...] (p.23).
“Somos,
no Brasil, cerca de 82.000 assistentes sociais ativos,” [...](p.41).
“A
maioria encontra-se em instituições públicas” [...] (p.41).
“Esse
crescimento exponencial traz sérias implicações para o exercício profissional,
as relações de trabalho e condições salariais por meio das quais se realiza” (p.42).
“A
hipótese é que o crescimento do contingente profissional, [...] poderá
desdobrar-se na criação de um exército assistencial de reserva” (p.42).
“A
massificação e a perda de qualidade da formação universitária estimulam o reforço de mecanismos ideológicos
que facilitam a submissão dos profissionais às “normas do mercado”, redundando
em um processo despolitizado da categoria”
[...] (p.42).
“Esse
é um dos grandes desafios, que nos convoca coletivamente, exigindo: um
criterioso debate e acompanhamento da expansão do ensino superior no Serviço
Social e de sua distribuição territorial; o cumprimento das exigências legais
do estagio supervisionado no ensino a distância” [...] (p.43).
“São
inúmeros os desafios profissionais e acadêmicos que se apresentam ao Serviço
Social na atualidade, dentre os quais:” (p.43).
“1)
a exigência de rigorosa formação teórico-metodológica que permite explicar o
atual processo de desenvolvimento capitalista” [...](p.43).
“2)
rigoroso acompanhamento da qualidade acadêmica da formação universitária ante a
vertiginosa expansão do ensino superior privado e da graduação a distância no
país;” (p.43).
“3)
a articulação com entidades, força políticas e movimentos dos trabalhadores no
campo e na cidade em defesa do trabalho e dos direitos civis, políticos e
sociais;” (p.43).
“4)
a afirmação do horizonte social e ético-político do projeto profissional no
trabalho cotidiano,” [...] (p.43).
“5)
o cultivo de uma atitude crítica e ofensiva na defesa das condições de trabalho
e da qualidade dos atendimentos,” [...] (p.44).
“O
legado já acumulado pelo pensamento social crítico brasileiro sobre a
interpretação do brasil no quadro latino-americano também necessita ser reapropriado
para, a partir dele, elucidar as particularidades dos processos sociais que
conformam o Brasil no presente, solidificando as bases históricas do projeto
profissional.” (p.44).
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